Encontrei numa caixa velha, no meio de muita quinquilharia, meu caderno de poesias.
Bateu uma vontade de reler aquelas linhas escritas no auge da minha adolescência, lá pelos meus quatorze anos.
Quanta paixão, quanta dor, quantas palavras de amor.
Foi um encontro comigo mesma, cheguei até a sentir aquelas emoções vividas por uma garota tímida e sensível.
Incentivada pelo meu marido resolvi criar um blog e aqui estou... Espero que gostem.
Benvenuto, sejam todos bem vindos!

sábado, 3 de novembro de 2012






A vela arde e queima, 
vai consumindo e iluminando...
Ilumina a sala,
 clareia o canto...
Dá cor as paredes, desenha imagens...
Exala o perfume...
Traz a luz que acalma, que energiza...
Conduz o pensamento e eleva as preces...
Não destrói, não incendeia...
Dela cuidamos até que termine .
Nossas vidas sendo lamparinas para os que estão na escuridão.
Sejamos a luz, sejamos a vela...
Acendamos a vela do irmão com a nossa chama
Nem assim perderemos nossa luz própria.
(Telma)

sábado, 22 de outubro de 2011

O peso que a gente leva

O perigo da viagem mora nas malas.
Elas podem nos impedir de apreciar
a beleza que nos espera.

Experimento na carne a verdade das
palavras, mas não aprendo.
Minhas malas são sempre superiores
às minhas necessidades.

É por isso que minhas partidas e chegadas
são mais penosas do que deveriam.

Ando pensando sobre as malas que
levamos...
Elas são expressões dos nossos medos,
Elas representam nossas inseguranças.

Olho para o viajante com suas imensas
bagagens e fico curioso para saber o que
há dentro das estruturas etiquetadas.

Tudo o que ele leva está diretamente
ligado ao medo de necessitar.
Roupas diversas: de frio, de calor- o
clima pode mudar a qualquer momento!

Remédios, segredos, livros, chinelos,
guarda-chuva- e se chover?
Cremes, sabonetes, ferro- elétrico-
isso mesmo!
Microondas? - Comunique-me, por
favor, se alguém já ousou levar.
O fato é que elas representam nossas
inseguranças.

Digo por mim- sempre que saio de casa
levo comigo a pretensão de deslocar o
meu mundo.
Tenho medo do que vou enfrentar.

Quero fazer caber no pequeno espaço a
totalidade dos meus significados.
As justificativas são racionais.

Correspondem ás regras do bom senso,
preocupações naturais para quem não
gosta de viver privações.

Nós... nos justificamos.
Posso precisar disso, posso precisar
daquilo...

Olho ao meu redor e descubro que as
coisas que quero levar não podem ser
levadas.
Excedem os tamanhos permitidos.

Já imaginou chegar no aeroporto
carregando o colchão para ser despachado?

As perguntas são muitas...
E se eu tiver vontade de ouvir aquela
música?
E o filme que costumo ver de vez em
quando, como se fosse a primeira vez?

Desisto, pego o que posso no espaço
delimitado para minha partida e vou.
Vez em quando me recordo de alguma
coisa esquecida, ou então, inevitavelmente
concluo que mais da metade do que eu
levei não me serviu pra nada.

É nessa hora que descubro que partir é
experiência inevitável de sofrer ausências.
E nisso mora o encanto da viagem.

Viajar é descobrir o mundo que não temos,
É o tempo de sofrer a ausência que nos
ajuda a mensurar o valor do mundo que
nos pertence.

E então descobrimos o motivo que levou
o poeta a cantar"Bom é partir, Bom mesmo
é poder voltar!"
Ele tinha razão, a partida nos abre os olhos
para o que deixamos.

A distância nos permite mensurar os espaços
deixados.
Por isso, partidas e chegadas são instrumentos
que nos indicam quem somos, o que amamos
e o que é essencial para que a gente continue
sendo.

Ao ver o mundo que não é meu eu me reencontro
com desejo de amar ainda mais o meu território.
É consequência natural que faz o coração querer
voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.

É como se a voz identificasse a raiz do grito, o
elemento primeiro.
Vida e viagens segue as mesmas regras.
Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade
de viver.

Por isso é tão necessário partir.
Sair na direção das realidades que nos ausentam.
Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto
de nossas lamurias...
Hospitais, asilos, internatos...

Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que
não dói na nossa carne, mas que de alguma
maneira pode nos humanizar.

Andar na direção do outro é também fazer
uma viagem.
Mas não leve muita coisa não tenha medo
das ausências que sentirá.

Ao adentrar o território alheio, quem sabe
assim os seus olhos se abram para enxergar
de um jeito novo o território que é seu.

Não leve os seus pesos, eles não lhe permitirão
encontrar o outro.
Viaje, leve, leve, bem leve.
Mas se leve.


(Padre Fábio de Melo).

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


RECOMEÇAR
Não importa onde você parou…
em que momento da vida você cansou…
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo…
é renovar as esperanças na vida e o mais importante…
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado…
Chorou muito?
foi limpeza da alma…

Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia…

Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos…
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora…
Pois é…agora é hora de reiniciar…de pensar na luz…
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal
Um corte de cabelo arrojado…diferente?
Um novo curso…ou aquele velho desejo de aprender a
pintar…desenhar…dominar o computador…
ou qualquer outra coisa…

Olha quanto desafio…quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando.

Tá se sentindo sozinho?
besteira…tem tanta gente que você afastou com o
seu “período de isolamento”…
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para “chegar” perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza…
nem nós mesmos nos suportamos…
ficamos horríveis…
o mal humor vai comendo nosso fígado…
até a boca fica amarga.
Recomeçar…hoje é um bom dia para começar novos
desafios.
Onde você quer chegar? ir alto…sonhe alto… queira o
melhor do melhor… queira coisas boas para a vida… pensando assim
trazemos prá nós aquilo que desejamos… se pensamos pequeno…
coisas pequenas teremos…
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor…
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental…
joga fora tudo que te prende ao passado… ao mundinho
de coisas tristes…
fotos…peças de roupa, papel de bala…ingressos de
cinema, bilhetes de viagens… e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados… jogue tudo fora… mas principalmente… esvazie seu coração… fique pronto para a vida… para um novo amor… Lembre-se somos apaixonáveis… somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes… afinal de contas… Nós somos o “Amor”…
” Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do
tamanho da minha altura.”

Carlos Drummond de Andrade.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A MONTANHA

*MMendes

Chegar próximo aos cinqüenta anos de idade é para mim como chegar ao cume da montanha. Tanto posso contemplar o caminho de vinda, quanto o vale e o horizonte que se perde a frente. Dá vontade de agradecer cada passo consumado, cada gramínea, cada galho e raiz que me amparou no caminho escorregadio e pedregoso. Como é bom chegar aqui em cima e descansar um pouco, esboçando um sorriso de conquista. A fadiga das pernas e dos braços é como recompensa pela vitória. Olhando abaixo posso ver uma legião de caminheiros como eu, em romaria, desenvolvendo jornada ao encontro das coisas mais altas. Conquistar a montanha é a ambição de todos, embora vejo que muitos desistam no meio do caminho.

Estar aqui é estar mais próximo das coisas de Deus. Aqui em cima o ar puro da montanha alimenta a alma, a brisa refresca e alivia as dores. Dá vontade de parar, montar um acampamento, fazer uma fogueira e passar a noite enamorado da lua. Olhando para o céu vemos como a montanha é pequena. Para alcançar as estrelas não basta caminhar e subir é preciso voar, para além das nuvens de algodão.

Quando anoitece as luzes da cidade cintilam como as estrelas, misturando o céu o a terra. Dá sensação de flutuarmos no espaço. Os carros transitando pela estrada lembram estrelas cadentes riscando a escuridão.

Retiram-se as estrelas, a noite cede à alvorada. Um nevoeiro denso envolve o pé da montanha. Dá impressão de que a montanha foi elevada ao céu. Parece possível caminhar sobre as nuvens. O sol surge no fim da linha do destino, esforçando-se para ver a lua de relance. Sua luz é plena, o calor dissipa o nevoeiro. A montanha volta para a terra. Posso ver a encosta, o caminho de descida e o vale verdejante de rios espraiados.

É preciso descer, há novas coisas para aprender, novos amores no ar. Acredito que será como se a vida andasse na contra-mão do tempo, girando seus ponteiros no sentido reverso. Subi a montanha com a ambição de me tornar um homem. Agora desço a montanha na esperança de me reencontrar criança, rir de qualquer coisa, riso solto, rir da vida. Brincar muito, brincar até cansar e, no final do dia, como quando eu era criança, dormir um sono profundo no colo e nos braços da mãe terra.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Vir a ser

Eu procuro por mim.
Eu procuro por tudo que é meu e que em mim se esconde.
Eu procuro por um saber que ainda não sei,mas que de alguma forma já sabe de mim.
Eu sou assim...
Processo constante de vir a ser.
O que sou e ainda serei são verbos que se conjugam sob áurea de um mistério fascinante.
Eu me recebo de Deus e a Ele me devolvo.
Movimento que não termina porque terminar é o mesmo que deixar de ser.
Eu sou o que sou na medida em que me permito ser.
E quando não sou é porque o ser eu não soube escolher.

Fábio de Melo

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Tenha um dia feliz...
Carlos Drummond de Andrade

Desejo à você...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mal humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com os amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.


Postado por PÀ [10:53][Happy birthday ]

Crise de identidade

Nesta altura da vida, já não sei mais quem sou.
Na ficha do dentista, apareço como cliente.
No restaurante, sou freguês.
Quando alugo uma casa, sou inquilino.
Na condução, sou passageiro.
Nos correios, sou remetente.
Na casa do Papai, sou Filho
Na Loja Maçônica , sou Irmão.
Na Faculdade, sou estudante.
No supermercado, sou consumidor.
Para a Receita Federal, sou contribuinte.
Com o prazo vencido, sou inadimplente,
Se não pago, sou sonegador.
Para votar, sou eleitor.
No comício, sou massa.
Em viagem, sou turista.
Na rua, caminhando, sou pedestre,
Se me atropelam, viro acidentado.
No hospital, me transformo em paciente.
Para os jornais, sou vitima.
Se compro um livro, viro leitor.
Se ligo o rádio, sou ouvinte.
Para o IBOPE, sou espectador.
No futebol, eu, que já fui torcedor, virei galera.
E, quando morrer, ninguém vai se lembrar do meu nome:
Vão me chamar de finado, extinto, defunto, de cujus e, em certos círculos,
até de desencarnado.

E O PIOR: PARA O GOVERNO EU SOU UM IMBECIL.