Encontrei numa caixa velha, no meio de muita quinquilharia, meu caderno de poesias.
Bateu uma vontade de reler aquelas linhas escritas no auge da minha adolescência, lá pelos meus quatorze anos.
Quanta paixão, quanta dor, quantas palavras de amor.
Foi um encontro comigo mesma, cheguei até a sentir aquelas emoções vividas por uma garota tímida e sensível.
Incentivada pelo meu marido resolvi criar um blog e aqui estou... Espero que gostem.
Benvenuto, sejam todos bem vindos!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


RECOMEÇAR
Não importa onde você parou…
em que momento da vida você cansou…
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo…
é renovar as esperanças na vida e o mais importante…
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado…
Chorou muito?
foi limpeza da alma…

Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia…

Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos…
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora…
Pois é…agora é hora de reiniciar…de pensar na luz…
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal
Um corte de cabelo arrojado…diferente?
Um novo curso…ou aquele velho desejo de aprender a
pintar…desenhar…dominar o computador…
ou qualquer outra coisa…

Olha quanto desafio…quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando.

Tá se sentindo sozinho?
besteira…tem tanta gente que você afastou com o
seu “período de isolamento”…
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para “chegar” perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza…
nem nós mesmos nos suportamos…
ficamos horríveis…
o mal humor vai comendo nosso fígado…
até a boca fica amarga.
Recomeçar…hoje é um bom dia para começar novos
desafios.
Onde você quer chegar? ir alto…sonhe alto… queira o
melhor do melhor… queira coisas boas para a vida… pensando assim
trazemos prá nós aquilo que desejamos… se pensamos pequeno…
coisas pequenas teremos…
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor…
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental…
joga fora tudo que te prende ao passado… ao mundinho
de coisas tristes…
fotos…peças de roupa, papel de bala…ingressos de
cinema, bilhetes de viagens… e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados… jogue tudo fora… mas principalmente… esvazie seu coração… fique pronto para a vida… para um novo amor… Lembre-se somos apaixonáveis… somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes… afinal de contas… Nós somos o “Amor”…
” Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do
tamanho da minha altura.”

Carlos Drummond de Andrade.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A MONTANHA

*MMendes

Chegar próximo aos cinqüenta anos de idade é para mim como chegar ao cume da montanha. Tanto posso contemplar o caminho de vinda, quanto o vale e o horizonte que se perde a frente. Dá vontade de agradecer cada passo consumado, cada gramínea, cada galho e raiz que me amparou no caminho escorregadio e pedregoso. Como é bom chegar aqui em cima e descansar um pouco, esboçando um sorriso de conquista. A fadiga das pernas e dos braços é como recompensa pela vitória. Olhando abaixo posso ver uma legião de caminheiros como eu, em romaria, desenvolvendo jornada ao encontro das coisas mais altas. Conquistar a montanha é a ambição de todos, embora vejo que muitos desistam no meio do caminho.

Estar aqui é estar mais próximo das coisas de Deus. Aqui em cima o ar puro da montanha alimenta a alma, a brisa refresca e alivia as dores. Dá vontade de parar, montar um acampamento, fazer uma fogueira e passar a noite enamorado da lua. Olhando para o céu vemos como a montanha é pequena. Para alcançar as estrelas não basta caminhar e subir é preciso voar, para além das nuvens de algodão.

Quando anoitece as luzes da cidade cintilam como as estrelas, misturando o céu o a terra. Dá sensação de flutuarmos no espaço. Os carros transitando pela estrada lembram estrelas cadentes riscando a escuridão.

Retiram-se as estrelas, a noite cede à alvorada. Um nevoeiro denso envolve o pé da montanha. Dá impressão de que a montanha foi elevada ao céu. Parece possível caminhar sobre as nuvens. O sol surge no fim da linha do destino, esforçando-se para ver a lua de relance. Sua luz é plena, o calor dissipa o nevoeiro. A montanha volta para a terra. Posso ver a encosta, o caminho de descida e o vale verdejante de rios espraiados.

É preciso descer, há novas coisas para aprender, novos amores no ar. Acredito que será como se a vida andasse na contra-mão do tempo, girando seus ponteiros no sentido reverso. Subi a montanha com a ambição de me tornar um homem. Agora desço a montanha na esperança de me reencontrar criança, rir de qualquer coisa, riso solto, rir da vida. Brincar muito, brincar até cansar e, no final do dia, como quando eu era criança, dormir um sono profundo no colo e nos braços da mãe terra.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Vir a ser

Eu procuro por mim.
Eu procuro por tudo que é meu e que em mim se esconde.
Eu procuro por um saber que ainda não sei,mas que de alguma forma já sabe de mim.
Eu sou assim...
Processo constante de vir a ser.
O que sou e ainda serei são verbos que se conjugam sob áurea de um mistério fascinante.
Eu me recebo de Deus e a Ele me devolvo.
Movimento que não termina porque terminar é o mesmo que deixar de ser.
Eu sou o que sou na medida em que me permito ser.
E quando não sou é porque o ser eu não soube escolher.

Fábio de Melo

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Tenha um dia feliz...
Carlos Drummond de Andrade

Desejo à você...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mal humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com os amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.


Postado por PÀ [10:53][Happy birthday ]

Crise de identidade

Nesta altura da vida, já não sei mais quem sou.
Na ficha do dentista, apareço como cliente.
No restaurante, sou freguês.
Quando alugo uma casa, sou inquilino.
Na condução, sou passageiro.
Nos correios, sou remetente.
Na casa do Papai, sou Filho
Na Loja Maçônica , sou Irmão.
Na Faculdade, sou estudante.
No supermercado, sou consumidor.
Para a Receita Federal, sou contribuinte.
Com o prazo vencido, sou inadimplente,
Se não pago, sou sonegador.
Para votar, sou eleitor.
No comício, sou massa.
Em viagem, sou turista.
Na rua, caminhando, sou pedestre,
Se me atropelam, viro acidentado.
No hospital, me transformo em paciente.
Para os jornais, sou vitima.
Se compro um livro, viro leitor.
Se ligo o rádio, sou ouvinte.
Para o IBOPE, sou espectador.
No futebol, eu, que já fui torcedor, virei galera.
E, quando morrer, ninguém vai se lembrar do meu nome:
Vão me chamar de finado, extinto, defunto, de cujus e, em certos círculos,
até de desencarnado.

E O PIOR: PARA O GOVERNO EU SOU UM IMBECIL.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Um apelo ao mundo adulto

(À Ana Carolina,minha sobrinha. )

O sol ou a lua.
Uma criança esperta.
Ana Carolina é uma menina.

De dia bagunça, canta, chora.
De noite ela dorme e sonha.

Um dia será uma mulher,
bonita e cheia de meiguice.
Uma mulher menina.

De dia ela briga,fala ,come.
De noite repousa e sonha.

É um anjinho cor-de-rosa.
De dia ela corre, anda, pula.
De noite ela descansa e sonha.

Sonha com seus bichinhos,
sonha com seus brinquedos.
Sonha com seu mundo,pequeno ainda.
Feito de pessoas,festas, presentes.
Ela é uma criança,pequena.
Sem ódios,sem medos.
Uma alma pura, sem poluição, sem tabus.
Um corpo rechonchudo,sem estáticas, sem contornos.
Ela possui dois olhinhos que só vêem coisas belas,
que não vêem a pobreza nem a riqueza.
Sem discriminações, sem restrições de cor ou sexo.
Não sabe o que é bom.
Mal sabe o que é errado.

Mas sabe brincar,cantar,correr.
Sabe pular amarelinha.
Sabe sonhar e ser boa.
Sabe amar e fazer micagens.
Suas mãos pequeninas só conhecem o carinho.

Ana Carolina é linda.
É flor de primavera,é cheiro bom.
É olhar sereno,é uma cantiga de ninar.
É um acalento.
É um verão bem quente.
É o amor puro.
É o sol e a longa estrada.
É um aperto de mão,é um abraço de amigo.
É um sorriso.
É uma nuvem passageira,é um raio de luz.
É um pingo de chuva que beija as flores.
É um grão de areia,é uma semente de amor.
Ela não pode deixar de ser assim.

Mundo adulto, não a transforme!
Não deixem que a vida a perturbe.
Não permitam que ela se decepcione.
Nem que o sorriso dela se apague.
Que suas mãos se fechem, que seus braços se cruzem solidamente.
Que os seus sonhos virem pesadelos .
Que os brinquedos percam a magia.
Que seu coração esqueça a ânsia de amar.
Que sua alma perca o sabor de ser a bela e terna criança que é ANA CAROLINA.

Pres. Prudente,9/9/1981.
De sua tia como prova de um amor eterno.

Fruta de vez


Quando você me aparece,com seu corriso e seus olhos claros,
alguma coisa dentro de mim acontece.
Dentro de mim anoitece.
Ouço canções, rezo uma prece,
tudo se confunde,nada se esclarece.
Aí meu coração sangra e padece.
Você nem se importa e desaparece.

Na minha vida, você vai...e volta.
As vezes simplesmente você se esquece
da menina de olhos fundos que por você emagrece.
Da menina de coração solitário
que por você entristece.
Você nem se incomoda e desaparece.

Meus braços te esperam,minha alma se enriquece.
Mas quando você vai e não volta,
meu coração,como fruta de vez despenca e apodrece.
(25/11/82)

Nossa vida


Você me encontra,eu te encontro,nos encontramos muito tempo atrás.
Você me induz,me conduz,me seduz.
Eu me atraio,deixo-me ser conduzida.
Nos atraimos desde o primeiro instante.
No nosso primeiro olhar,num sorriso recíproco.

Você me procura,me fala , me iludi.
Eu ouço bem e sonho.
Dá-se início a nossa fantasia.
Sonhamos, festejamos, sorrimos e a nossa vida continua.
Você me jura amor eterno.
Eu te juro amor perpétuo.
Realizamos um ritual de casamento.
Apenas uma brincadeira séria,nossa.
Nos fizemos felizes nessa vida.
Um amor puro,adolescente e jovial.

Aí você me destrói as ilusões,as fantasias.
Meu ego é ofendido,meus sonhos desfeitos.
Eu te culpo,você se desculpa.
Eu te perdôo e te beijo.

Depois os pesadelos começam a surgir.
A relação se extermina.
Eu me fecho,você se expõe.
Mas vivemos apesar disso tudo.
Felizes ainda?

Então a felicidade não é eterna.
Eu amadureço,você não me entende.
Eu cobro,quero troco.
Você não me atende.
Você me surpreende,muito...

Eu me canso.
Meus nervos à flor da pele.
Meu coração em pedaços.
Meu orgulho ferido.
Não sonho mais...
Os sonhos agora me parecem coisas fúteis
Neste momeento o amor adoeceu e
quase não tive coragem de sacrificá-lo.

Matei o amor que definhava.
Fechei o pedaço da ferida que permanecia entre nós.
Esperei pra dar meu último suspiro e
cerrar meus olhos cheios de lágrimas.




segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Momentos de prazer


Quando as estrelas e luzes reluzem,me conforto e realço.
No exato instante em que nós nos beijamos,me conforto e realço.
Nosso amor reluz como estrelas e luzes.
Quando o mar e as ondas borbulham,me delicio e me regalo.
No momento em que nos beijamos,me regalo e delicio.
Nosso beijo borbulha como mar e ondas...

Colcha de retalhos


Nesta cama, uma colcha.
Nesta colcha ,meu corpo.
No meu corpo, a tua imagem.
Nesta luz, um escuro.
Neste lugar, uma tristeza.
Nesta tristeza, minha solidão.
Nesta rua,nesta avenida,nesta cidade,neste mundo.
Nesse meu "eu", um só você.
E neste você,cadê eu?

Faz isso por mim,uma vez mais...

Meu coração não tenta,ele ausenta o teu ser.
Minha face cora, e agora?
Como não perecer?
Meus pés estão cansados,aniquilados.
Como não ser um aleijado?
Mãos destorcidas,despidas.
Rostos enrugados,embriagados.
Como te esquecer?
Como me desligar do meu pensamento?
O corpo estafado, as pernas moídas.
Vida de cão!
Vida de gato!
Vida de um apodrecer!
Sentir-se forte.
Te suprir.
Te amar.
E porque não dizer "me entregar"?
Os olhos úmidos, tristes.
Meu peito calado, asfixiado.
A garganta poluída.Como me aspirar?
E reler tudo tão cálido.
Tão remoto.


Meu Deus

Pai, dai-me um pouco de paz.
Constrói para mim um ninho onde eu me proteja.
Dita as regras do jogo.
Segue-me na escuridão destas lágrimas.
Mostra-me o caminho ao amor puro e feliz.
Não me abandone...
Não permita que o sofrer traga-me o desânimo.
Mas que eu veja sempre uma saída.
Sussurra aos meus ouvidos a única Verdade.
Envolve-me no teu calor.
Preserva-me dos insensíveis.
Revela em mim um coração humilde e satisfeito.
Grita e alcança meus gritos.
Anda comigo, junto aos meus passos retardatários.
Aponta-me o significado do amor, da paz.
Fica comigo para  sempre!
(Telma Regina 1980)

Quando

Quando eu chego, você sai.
Quando eu me sento, você se levanta.
Quando eu beijo, você cospe.
Quando eu vejo, você dorme.
Quando eu bebo, você come.
Quando eu paro, você anda.
Eu grito e você sussurra.
Eu choro e você gargalha.
Eu luto e você se acomoda.
Eu venço e você já venceu.
E quando eu valho,você não vale nada!

Deixei passar


Um dia bateram a porta.
Eu com medo de ser a saudades não atendi.
Deixei passar...
Insistiu e nada.
Ouvi seus passos e seu riso baixo.
E depois o trinco do portão.
Abri a porta para ver como estava a situação,mas não havia ninguém.
Apenas um bilhete caido no chão,que dizia sem mais:
"Eu era a felicidade,mas aqui não volto jamais".

Esperança

Permaneci imóvel, porque foste de mim.
E na distãncia o meu olhar a te buscar.
Meus lábios trêmulos parecem sentir teus beijos loucos.
E torno a olhar para trás na esperança de te ver voltar.
Ah!Esperança!
A mesma esperança que aguarda a primavera que você me roubou.
Haverão de vir outras primaveras, outras esperanças,mas tudo envolto no mesmo amor.

Um sorriso!

Um sorriso chegou na escuridão e tudo apareceu.
Alguém chorou,não sei.
Sei, fui eu!
Como sorri.
Depois me estafei por contato indireto,substantivos abstratos,fantasia,imaginação, sonhos e o real oposto.
O outro lado do papel.
Alguma coisa mais firme,uma tinta mais forte.
A nitidez e a monotonia de uma pura ou dura realidade.
Novamente me esgotei.
E o sentimento isolado,perdido.
É quando alguma coisa brilha e você tapa os olhos com medo.
E tudo se espalha...
E, cada coisa em seu lugar,cada qual com o escolhido.
Real e real,mas quatro vezes abstrato.
E o sorriso gerou uma contemplação do centro de tudo de mim mesma.

Palavras


Existe sem pre um vazio em minha vida.
Existe sempre um "por que" nas coisas que me seguem.
Houve o pior vazio: você presente.
Tentei, juro.
Mas as escadas, o alto, as vertigens, o pico, o cume do lugar.Não deu.
E a luz tão fraca, meu corpo diluindo,meu interior exterminado.Tudo acabou.
Então, veio outro vazio: Você passado.
E pensei, tanto meditei.
Nada deu.Não consegui te alcançar.
Então,um novo vazio: você esquecido.
E consequentemente, um outro alguém.
(1979)

Só um grande vazio

Grande peito amargurado.
Grande peito asfixiado.
Pobre leito adormecido.
Pobre ser desconhecido.
Pobre de quem a luz não ilumina.
Só um coração, sozinho.
Só alguém chorando.
Grande pranto derramado.
Grande céu desfigurado.
E as formigas pálidas junto dos pássaros azuis.
Só quem me segue pode saber de minha sombra.
Pobre ancestral,pobre ser incrédulo.
Pobre pópulus, de tão pobre meu cão.
Gatos e galinhas no quintal.
Pobre de mim, solidão.
(12/04/1980)

domingo, 7 de novembro de 2010

Sou gente

Regressei a você novamente.
Reneguei por você, infelizmente.
Sorri com você, descontente.
Chorei por você ,despercebidamente.
Falei de você ,incoerentemente.
Amei você perdidamente.
Entreguei-me a você, inteiramente.
Passiei com você, distraidamente.
Lutei por você, corajosamente.
Te beijei, apaixonadamente.
Te odiei, histéricamente.
Vesti você, luxuosamente.
Perdi você da minha mente.
Perdi no presente.
Mas, regressei a você novamente.

Homenagem à um amigo que foi embora


"Sabe,você aqui na Terra foi muito e continua sendo mais ainda.
Como eu sempre disse: Você é símbolo de audácia ,liberdade!"
Você ensinou muito,nos ensinou a valorizar a vida.Nos ensinou a ser o que não somos.
A sua ida, apesar de dura,abriu os olhos de pessoas que julgavam-se cegas;fez falar os que eram mudos e gritou aos que eram surdos.
Aos que não andavam, você fez correr;aos que não sentiam,você tocou e aos que odiavam fez amar.
Você reuniu várias pessoas e temos certeza de que onde quer que você esteja, você se realizará, e um dia, nós o encontraremos.Eu em especial, que te amei, terei a oportunidade de reviver o teu eu.
Você foi, mas ficou.
O seu tudo ficou nos corações como coisas, lugares, retratos, amizades e paixões.
E vai ficar na saudade, nos gestos,palavras.
Vai ficar eternamente.
Nos seus olhos,no coração...e na mente.
Vai ficar do seu rosto a expressão;dos seus lábios o sabor da canção do que foi coração.
A sua lembrança ficou como uma chama do fogo que você foi.E esta chama nunca se transformará em cinzas,pois apesar de passar o vento,passar a vida, passarem as paixões,você não passou e não passará...apenas ficará.
21/12/78
Esta homenagem foi publicada no Jornal "Imparcial", na coluna Badalus, dedicada a Marcelo Souto Zangari.

Duas vidas

Um simples "oi" foi o bastante para nós duas.
Depois os papos foram surgindo espontaneamente.
Ela era humilde,traje simples.Seu sorriso revelava a podridão dos dentes.
E então senti nojo de minhas roupas, do meu sorriso que exibia o aparelho ortodôntico,senti nojo de mim.
Num dos assuntos,falei do meu pai.
Ela calou-se.Não tem o pai.
E eu havia perdido um amigo.
Depois , vieram suas idéias errôneas sobre a vida.Disse que se engravidasse e não tivesse um pai para a criança,ela abortaria.
Revoltei-me...Ela estava sendo egocêntrica.Talvez não fosse bom pra ela,mas quem pode prever o futuro de uma criança?
Ela, 18 anos.
Eu, 14 anos.
No final, apenas uma despedida desconcertante.Iniciativa minha.Talvez já não suportasse mais aquela tensão.
Dois caminhos diferentes.
Olhei para trás e vi seu vulto sumir.Continuei.
Duas personalidades.
Duas vidas diferentes.
Seu nome?
Nem sei.

O impacto

O choque do futuro.
O futuro explodiu sobre nós e deu-nos então a "indecisão".
Estão todos correndo apavorados em busca de auto-afirmação.
A cada dia novas mudanças,nova tecnologia.
Maneiras novas de nos destruir.
Novas maneiras de subexistir.
Mas, se você capacita-se de fazer...Ao menos faça!
Salve teu filho do destino que é o nosso sofrer.
Ainda há tempo de dizer não.
Ainda há tempo de salvar os que aqui chegarão.
Vejo no rosto senil,o quanto sofreu.Hoje calado,fechado num só eu,o velho não se encoraja de embalar um "Não".
É que a poluição sonora agravou seu problema de audição.
Ainda tem tempo.
Viva o tempo!
Você viva?Viva você!
Quantos vivos?Viva quanto?Quanto resta por viver?
Vivos por quanto tempo?
Estamos no epílogo.
(23/9/79)

Minha presa

Eu queria estar com você agora, para te sentir como um tigre quer sentir sua presa.
Eu queria agora abraçar você, para sentir seu corpo como a areia quer abraçar as ondas.
Eu queria agora sentir seu cheiro para ter arrepios, assim como o cego quer sentir o cheiro de alguém.
Eu queria agora beijar você para sonhar ,assim como o pássaro quer beijar uma flor.
Eu queria agora enxugar suas lágrimas como a terra quer enxugar a chuva.
Tocar sua pele e crer que você ainda vive.
Agasalhar você e compreender que você ainda precisa de mim.
Afagar seus cabelos e dizer para que você se cuide.
Enfim,não ter que encarar a dura e triste realidade da sua ausência.
Não precisar te encontrar em tudo.
Não procurar teu retrato antes de durmir.
Não me empolgar com um simples caso pensando ter o amor que você me deu.
Não viver de lembranças.
Não chorar ao ver sua casa.
Não me matar de saudades suas.
Não esquecer de te esquecer.
Não fazer da minha vida um nada só porque sinto sua falta.
Não gritar gritos gagos pois sem você não sei dizer nada.
Não passar o dia ouvindo nossas músicas.
Não perder o interesse do amor.
Eu só queria agora que você estivesse vivo,mesmo que não estivéssemos juntos como antes.
Só queria,Vivo!

Um dia

Quando eu te perder não quero chorar,nem pensar em tudo.
Só quero te querer.
Só quero sorrir das lembranças,sejam essas boas ou más.
Seja algo de alguém que nos fica, ou algo de nós que alguém leva.
(1979)

sábado, 6 de novembro de 2010


" Fechei os olhos para não te ver e a minha boca para não dizer... E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei, e da minha boca fechada nasceram sussurros e palavras mudas que te dediquei... O amor é quando a gente mora um no outro". Mário Quintana

Gira mundo


Gira mundo
29/08/79

O mundo gira e giramos com ele;
O mundo cai e caimos junto dele;
O mundo sofre transformações e nós sofremos também.
O mundo é amargo;nós azedamos;
O mundo é vazio,nós o preenchemos;
O mundo é enorme,nós somos pequenos.
O mundo entra em guerra?Nós lutamos.
O mundo está poluído,nós o poluímos;
O mundo é calmo,nós somos inquietos.
O mundo não acaba,nós acabamos.

Eu te amo,eu amo você


Eu te amo, eu amo você
1979

Você chegou.
Chegou de um modo abrupto...Tão sem jeito.
Eu aceitei,sem esperar o hoje...Tão sem jeito.
Nós começamos,de um modo estranho, por mais um pouco além de simpatia.
Esperando uma amizade profunda.
Eu não te conhecia e você conhecia o meu "eu" de fora.
Você, um cara legal.
Eu, uma menina vazia.
E agora?
Eu te amo.
Eu amo você.

Saudades


Saudades
1978

Se ela não existisse,talvez você não existiria,talvez o amor não existiria,talvez tudo fosse um nada.
Se ela não existisse,talvez o mar não fosse tão lindo,o céu não fosse tão azul,talvez você não fosse você.
Se ela não existisse, talvez a lembrança de bons e velhos tempos não voltaria,não haveria o arrependimento, e talvez nem a vontade de voltar.
O que seria do amor, de você?
Do céu, do mar, da lembrança e da vontade de voltar?
O que seria de nós?
Não seria.

Você...sempre você

Você ...sempre você
abril de 1979

Você é o sol, a lua, você é você,você sou eu.
Você apareceu na minha vida como quem não quer nada,mas deixou tudo que até então eu havia procurado no mundo.
Você...só você.
Só você podia me dar tanto amor,tanta segurança,tanta felicidade,a certeza de que o mundo era meu.Só você.
Só você podia ser tão legal,tão louco e beijar tão bem.
Mas você...Você de tão especial tinha um ponto em comum com o resto da humanidade.
Você também foi embora um dia.
Mas só você,sempre você continuará vivo em mim, pois só você eu realmente amei.

Não estamos sozinhos

Não estamos sozinhos
1979

Abra agora o coração e deixe o mundo entrar.
Não espere mais.
Pense nesse alguém querendo te encontrar,sem saber onde procurar.
Estenda sua mão mais uma vez.
Assim você será tão feliz como sempre quis.
Não espere mais.
O mundo quer entrar.Dê-me sua mão agora.

Foi assim

Foi assim
1979


Foi tudo assim.
Depressa.
O nosso primeiro olhar,o nosso primeiro "Oi".
Nosso primeiro sorriso.
Nosso primeiro aperto de mão.
Nosso primeiro bate papo,nosso primeiro acordo.
Nossos primeiros carinhos...(meu arrepio)
Nosso primeiro beijo.
Nosso primeiro abraço.
Nossas vidas numa primeira vez.
Foi tudo assim com você, depressa...

Não sei

Não sei
1979

Não sei ao certo se sou cronista,poetisa ou uma adolescente, que nas suas horas de intensa depressão e inpiração, afoga os sentimentos num branco papel.
Vou tentar dizer o que mais me revolta.
Não é o jeito imundo com o qual as coisas ocorrem nem ao menos o custo de vida.
Não é também a divisão de classes sociais,nem tampouco o mesquinho racismo.
Por certo não chega a ser o governo ou menos ainda a escassez de cultura.
Não é o suicídio dos jovens através das drogas, muito menos a prostituição e homossexualismo.
Não é o bebê de proveta.
Não é o bebê de sargeta.
Não são os bandidos,assassinos e sequestradores.
O que mais me revolta, além dos itens citados acima, é o jeito como as pessoas se acomodam.
É a passividade brasileira,o comodismo do Brasil.

Depois da sua partida


Depois que você se foi
eu tive mais tempo.
Depois da sua partida
eu pude arrumar minhas coisas.
Depois de tudo terminado,
eu tive mais tempo pra durmir.
Depois do adeus,
eu pude me desligar de tudo.
Depois que você se foi
eu consegui não mais te esquecer.
Porque depois de tudo organizado,
percebi que só não consigo arrumar ou curar uma coisa:
meu coração curtido e sofrido,
marcado e assassinado por você.
(1979)

Por que?

Por que?
1977

Esta é uma palavra que não nos sai da cabeça. Por que?
Por que eu escrevo esse poema?
Porque quero desabafar.
Desabafar por que?
Porque amo, sofro, vivo, fui magoada e quero que minha vida tenha sentido.
O que me encuca?
O egoísmo, a ganância, o jeito das pessoas fazerem sofrer.
Por que a vida nos parece um inferno? Por que, às vezes, se tem vontade de morrer?
Esse "por que" ninguém sabe responder...
Às vezes, nos arrependemos de algo mal feito ou de nada feito, por que?
Por que existe o ódio, raiva? Revolta, dor...
Por que existe a ilusão...sofrimento?
Carinho, ciúmes, rancor, tristeza, alegria, emoção, amor, morte?
E quando pergunto porque existimos, depois de muito, muito tempo...
só o eco...

Você chegou, ficou, saiu...

Você chegou, ficou saiu...
12/08/1978

Saiu e não me disse adeus.
Saiu e deixou meu eu destruído.
Você chegou, ficou, saiu...
Você me amou, iludiu, destruiu.
Te amo, venha e fique aqui.
Preciso tanto de você.
Você chegou, ficou, saiu e não me disse adeus...